Antes e depois do acidente que me levou a uma vida de limitações nada agradáveis e também de vitórias antes inimagináveis, sempre apreciei celebrar a vida com aqueles que amo. E hoje não foi diferente! Foi mais uma feliz celebração.
Aqui preciso dizer que nós nos inundamos de afazeres que em nosso cotidiano servem, unicamente, como desculpas para aumentar distâncias que deveríamos, todos os dias, tentar encurtar.
Refiro-me à distância entre pessoas, entre amigos, entre familiares, entre quem bem queremos.
É inconcebível querer estar distante de quem se quer bem, de quem se ama.
Eu, muitas vezes, erroneamente, somo a enxurrada de afazeres à condição de tetraplégico para conjugar e trazer à ação o verbo distanciar e não é isso o que realmente quero, pois apesar de necessitar de alguém para me conduzir com a cadeira, gosto de visitar amigos –pessoas amadas – e tenho consciência que há aqueles com limitações muito maiores que as minhas. Limitações físicas ou não.
Mas se alguém pode mexer um braço, estaria ela impedida de um gesto de carinho?
Digo-lhes que em minha estadia hospitalar conheci pessoas em pior estado do que o meu e que, mesmo assim, sorriam, celebravam a vida de forma contagiante e foram mestres.
Mas hoje não!
Hoje ocorreu o inverso!
Ao ser visitado por alguém a quem quero muito bem a distancia dissipou-se e deu lugar a sorrisos, seriedade e felicidade por companhia tão agradável e amável. O vazio que eu criara com a enfermidade – gripe - e estudos a se completarem fora sendo preenchido pelo carinho e especialidade de uma simples visita que, por ser simples, importante tornou-se e me mostrou que preciso sair mais, admirar mais o que quer que seja e, por fim, amar mais.
Era dia de jogo de futebol... jogo que nem vi.
Até a próxima!
Angelo Márcio.