quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma Crônica Deficiente

Cronic-1 Em um dia 14 de janeiro, em uma cidadezinha do interior do Estado de Goiás, em um pequeno riacho, algo que hoje é crônico teve um início, no entanto, não será neste parágrafo que será elucidado o quê iniciou, pois há de se explicar o porquê deste blog e, certamente, tudo será encontrado no decorrer de conceitos, sonhos e descrições.

O nome “Uma Crônica Deficiente” surgiu enquanto eu passava de carro sobre a extensa ponte de um rio que eu gostaria de ter fotografado e não foi possível.

No início tinha a câmera, mas faltava um carregador para as baterias, posteriormente, já com o carregador, faltava a lembrança de pôr em uma tomada e faltou deixá-la mais acessível também. Esta seqüência de faltas tornou-se o ponto de partida para horas de reflexão sobre o que é a vida. Minha vida. A sobrevivência das virtudes que fazem com que a simplicidade de um segundo torne-se um marco de rara importância.

Quando a ponte sobre o rio já era visível pedi para pegar a câmera e a resposta de quem estava comigo foi negativa. O acesso era difícil, eu não havia lembrado de deixá-la à mão e parar sobre uma ponte não é algo aconselhável.

Mesmo tendo um rio cheio devido às chuvas naturais de dezembro, não consegui olhar para os lados e observar as águas um tanto quanto barrentas de margem à margem e um pouco mais, o movimento da correnteza que bailava e fazia pequenas ondas, o beiral vazado que permitia ver mais adiante até o rio perder-se em uma curva onde o reflexo da pouca luz do sol filtrada por nuvens formava o cenário ideal para uma única foto que ficou enquadrada na memória.

Neste instante consegui olhar para mim. Algo que, às vezes, também é esquecido e ver em mim o que os conceitos médicos classificam como Tetraplegia Traumática ou, para melhor entendimento, Deficiência Física, ou para tentarem ser “politicamente corretos, Portador de Necessidades Especiais. Desta última, particularmente, não gosto muito.

Aqui não há culpas e nem haverá. Há vida.

E é a facilidade de encontrar culpados que faz com que esqueçamos nossas mazelas e motivos de sorriso para meramente sobrevivermos a nós mesmos.

Agora retorno ao primeiro parágrafo.

Foi no dia 14 de janeiro de 1989 que a condição de Deficiente Físico me fora imposta; a cidadezinha se chama Jussara e o nome “Uma Crônica Deficiente” é para fazer alusão a algo textual ou que dura há muito tempo e que, ao mesmo tempo, é falho, imperfeito, deficiente.

Assim é este texto e serão os próximos, pois haverá alegrias, tristezas, amores, dores, revoltas e tudo o que nos faz igualmente humanos e altamente diferentes – ou não – nos propósitos para viver.

Até a próxima,

Angelo Márcio

2 comentários:

Marcella disse...

Angelo uma lição de vida , sou do sagrada familia,sim você ensina aos jovens a viver sem reclamar da vida. Abraços

Angelo Márcio disse...

Oi, Marcella,
Lições de vida tenho todas as vezes que estou com a juventude.
Grande abraço!

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