quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vivendo e aprendendo

pare Sempre tive o hábito de ficar no portão de casa a observar a rua e o que nela acontecia. Via as crianças a andarem de bicicleta, brincar de bola, como realmente devem agir as crianças. Também via os adultos. Alguns também a brincar e outros a voltarem de suas jornadas de trabalho. Eles sempre me cumprimentavam e hoje também.

Porém, um dia, algo estranho aconteceu. Ao menos foi estranho para mim.

Era tarde de outono, eu no portão, meu pai sentado na área de casa em uma cadeira com forro de pano, nosso cachorro em sua casinha a olhar-me e, sem que eu percebesse um homem se aproximou. Ele tinha em mãos uma nota – dinheiro – que hoje equivaleria a algo como cinco reais, dois dólares talvez..

Bem. Eu não tive tempo de reagir, ou melhor, sequer eu soube como reagir.

Certamente aquele homem não teve a intenção de me ofender e nem deu tempo de eu pensar se era ofensa ou não em meus julgamentos, pois por mais que eu seja esclarecido, às vezes racional até demais, naquele momento, naquele breve momento, senti-me absolutamente sem saber o que fazer ou dizer. Perdi as armas e se, como afirmou o bom velho Newton que “toda ação requer uma reação de igual intensidade”, neste caso não se aplicou. Não posso esquecer que é uma lei da física e não de relações sociais.

É chato pensar que alguns membros da sociedade julgam os deficientes tão incapazes ao ponto de aliar deficientes com pedintes exatamente por erroneamente pensarem, de forma generalista, que os deficientes nada podem fazer em favor da sociedade, pois, mais uma vez erroneamente, julgam que a única contribuição coerente é a financeira.

E a Vida? E o Intelecto?

Aqui quero dizer que não estou julgando os pedintes. Mesmo aqueles que nos enganam, pois como eu já dissera antes cada um vive sua vida conforme quer ou conforme as situações que lhe são impostas e o fato de um homem me dar esmola me fez pensar e sentir o quanto a dignidade humana é ferida; o quanto deve sofrer um pai que se vê obrigado a pedir um pão para não comer e oferecer aos filhos depois de ter sido execrado por aqueles que se julgam socialmente justos.

Até a próxima!

Angelo Márcio.

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