segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Promessas feitas e cumpridas (Parte 2)

jussara 2 Relembrando aqui que eu já havia cumprido a promessa de retornar ao local do acidente, surpreendentemente as outras propostas se cumpriam como realidade sem controle, como algo que realmente deveria acontecer, mesmo que eu não quisesse fazer  tudo acontecia.

E esse tudo teve início enquanto eu conversava com um primo que, naquela viagem, eu já havia desistido de andar pela cidade, visitar uma pessoa com deficiência e ir a uma festa, quando ele me disse que no outro dia iria com sua namorada, hoje esposa, a um grupo de jovens do outro lado da cidade e que poderiam me levar, pois assim eu andaria pela cidade.

Prontamente aceitei a oferta e marcamos a hora de sair.

No outro dia, dia de domingo, dia das pessoas estarem nas ruas, começamos nossa caminhada. No princípio eu olhava mais para o chão do que para frente. Tinha receio de encontrar outros olhares como o do humilde homem descrito no texto “Saudades de um marujo de primeira viajem”. Então a consciência cobrou fortemente o fato de eu querer estar ali. De querer andar pela cidade e enfrentar a mim mesmo no reflexo dos olhares dirigidos a mim com surpresa, dúvida, questões e preconceitos.

Em hipótese alguma afirmarei que foi fácil, no entanto, posso dizer que enfrentar esta disputa de olhares me fez perceber que eu também tinha preconceito daquelas pessoas e que minha deficiência física não poderia ser pretexto para a comodidade.

Então comecei a sorrir, conversar com mais desenvoltura com meu primo e quem mais se aproximasse e o chão com sua face repetitiva deu lugar ao horizonte, ao balançar das folhas das arvores e ao reflexo diferenciado que agora mostrava uma igualdade sem a névoa dos julgamentos.

Antes de sermos deficientes somos homens e mulheres; somos libertos que podem fazer da condição de deficiente até uma característica, mas nunca, evidencio, nunca mesmo a nossa essência de ser.

Até a próxima,

Angelo Márcio.

2 comentários:

Nós Tetraplégicos disse...

É verdade, medos devemos enfrenta-los de frente e muitas vezes cabe-nos a nós deficientes educar os ditos normais e não os julgar por atitudes que tenham para connosco.

Fica bem

Angelo Márcio disse...

Foi isso que muito aprendi, Eduardo.
A ignorância existe e é mais fácil criticar e julgar sempre. Por isso optei por esclarecer.

Grande abraço.

Angelo.

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