terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Salvem as Crianças!

JussaraGO-2 Em uma daquelas noites em que queremos quase tudo menos ficar em casa, saímos em pequeno grupo para o centro da cidade com o intuito de aumentar o colesterol saboreando um “nada” calórico hambúrguer.

Após esta aventura de gula, enquanto voltávamos para casa, uma senhora e uma criança faziam o mesmo percurso pela calçada.

Quando os alcançamos a criança me olhava o tempo todo e, por respeito a ela, a cumprimentei com voz tranqüila e amável:

_ Oi! Tudo bem!?

A criança parou de me olhar e disse a sua mãe:

_ Mãe! O que é “isso”?

Evidentemente percebi que ela se referia a mim em minha cadeira de rodas conduzido por um primo.

De imediato respondi antes da mãe:

_ “Isso” é gente!

E a criança, em sua sabedoria e sinceridade, retrucou rapidamente em tom longo como em música:

_ Não é gente, não!

Depois desta fala da criança não conseguimos conter as risadas, mas percebemos que a mãe falava com rispidez com aquela pedra preciosa que o tempo ainda haveria de moldá-la e pedimos para que não agisse assim, para que apenas tentasse explicar para ela respeitando sua idade.

Essa pequena história me acompanha até os dias de hoje e faço questão de contar e recontar.

Muitas vezes percebemos o preconceito velado nos olhos daqueles que se julgam mais sábios, adultos, experientes e, ao mesmo tempo, incapazes de parar com os julgamentos que fervilham no cérebro e simplesmente perguntar. Como fazem as crianças.

Aqui, certamente, não serei parcial, pois, ao mesmo tempo em que existem aqueles que não querem perguntar, igualmente, há do outro lado aqueles que não querem responder e que, querendo ou não, também formam opiniões.

Para encerrar peço para que soltem fogos de artifício, ergam cartazes e gritem:

_ Salvem as crianças!

Até a próxima,

Angelo Márcio.

2 comentários:

Vera (Deficiente Ciente) disse...

Angelo,

Trabalhei durante quatorze anos da minha vida com crianças. Era professora do ensino fundamental. Sempre sentirei falta da relação professor-aluno. Na minha opinião, não existe uma profissão tão gratificante como a de professor.

O que as crianças me bombareavam de perguntas, Angelo, era impressionante! Eles queriam saber de todo jeito o que tinha acontecido comigo, principalmente os menores. No entanto, depois de tudo explicado, eles não perguntavam mais nada.

A sinceridade, a espontaneidade e a sabedoria,como você disse, são sentimentos que realmente só uma criança pode ter.

Adorei seu texto!

Abraços!
Vera

Angelo Márcio disse...

Olá, Vera!

Vejo muita gente reclamar por trabalhar com crianças, mas fique certa de que o número de quem gosta, somando você, é muito maior.

Já tive oportunidade de palestrar para crianças e, Vera, lembro-me como se fosse ontem, quando fui a uma turma de 2ª série falar sobre deficiência e você nem imagina, mas usei um controle de vídeo-game para ilustrar a cabeça e o cabo como coluna. Pode? (rs)

Foi uma maravilha, mas quase fiquei sem voz. (rs)

Eu sempre trabalhei com jovens e adolescentes com teatro e pastorais de jovens. Junto a eles e seus questionamentos e súbitas mudanças de humor me sinto a vontade.

Que se faça reverência à sabedoria dos pequeninos.

Abraços!

Angelo.

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