terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Passos para enfrentar o desconhecido

Dois dias antes de sair do hospital, a pscóloga responsável pelos pacientes do andar veio e assentou-se ao lado esquerdo de minha cama, numa posição que permitia vê-la de frente, observar seu olhos e reações.
 
Ela tinha a missão de me avaliar, pois depois de 18 meses, fazia-se necessário, até como processo de ressocialização que a avaliação fosse feita e ali, enquanto desfiava meus planos pós hospital, concluí que não preciva aceitar a sociedade já que sou parte dela – mesmo que muitos não queiram ou de forma degradante e preconceituosa fingem que a pessoa com deficiência não tem autonomia de decisão sobre suas vontades e desejos.
 
Durante a conversa com a doutora surgiram as seguintes propostas de ações:
 
1) Vencer o “auto-preconceito”;
2)Voltar à cidade de Jussara e visitar o local do acidente;
3) Andar pela cidade para enfrentar os olhares;
4) Ir a um baile, festa, algo assim;
5) Por fim, visitar uma pessoa com deficiência na mesma cidade, pois alí nunca havia visto alguém deficiente físico andando pelas ruas de Jussara, com seus pouco mais de 30.000 habitantes.
 
O interssante é que quase tudo que fora proposto ocorreu em uma semana para surpresa e alegria.
 
O porém, agora, é que ficará para outro dia, pois hoje quero homenagear aqueles que doaram parte de suas vidas na forma de tempo e auxílio com este vídeo de fotos.
 

Até a próxima.

Angelo Márcio.

8 comentários:

Nós Tetraplégicos disse...

Que video fabuloso! Viajei com as fotos, Angelo! Aquela onde estás deitado debaixo da árvore é deliciosa!

Eu não sou tão aventureiro.

Angelo, eu sofro muito com calor. Não suporto temperaturas altas.
Não te acontece o mesmo? Pelas imagens vi que calor não faltava...

Vou por este video no meu blogue. Algum problema?

Que continues sempre a ter alguém que te carregue a cadeira e te leve ao limite.

Tu não usas cadeira de rodas eléctrica?

Fica bem

Angelo Márcio disse...

Foi muito bom montar o vídeo e melhor ainda que tenha gostado, pois lhe digo que não gosto muito de fotos, ou melhor, a partir de hoje gostarei mais e serei menos sério.
Eu sempre fui aventureiro e, igualmente a você, sofro em demasia com o calor por isso quase sempre tem água e sombra.
No dia em que estava na sommbra, debaixo das árvores, fazia uns 35º.
E, meu caro Eduardo, pode sim fazer uso do vídeo em seu blog. Será de grande alegria.
Quanto a cadeira, não a tenho. Quem sabe um dia!

Felicidade e fortaleza sempre!

Nós Tetraplégicos disse...

Angelo, eu aindo não fui revisitar o Brasil que conheço e adoro (tenho familiares aí) por causa altas temperaturas.

Desculpa insistir, não tens cadeira por opcção? É que pareceu-me que não consegues comandar uma manual como a das fotos.

Fica bem e tenta mesmo ser menos sério.

Angelo Márcio disse...

É, meu amigo, aqui é bem quente.
Apesar que, aqui do Distrito Federal, na época do inverno, o frio castiga a gente e nós, tetraplégicos, ficamos gelados dos pés a ponta do nariz.
Como são as temperaturas de Portugal?
Quanto a cadeira, Eduardo, eu realmente não consigo conduzir sozinho, como você bem observou, e a elétrica é muito cara para eu comprar, mas não desisto também de tentar ter uma.
Ah! Obrigado por adicionar o vídeo no blog TETRAPLÉGICOS.

Felicidade e fortaleza sempre!

Nós Tetraplégicos disse...

Temperaturas aqui são bem distintas. Conrrespondem a cada estação literalmente. Embora Portugal e sul da Europoa nunca sejam tão rigorosas como resto da Europa.

Agora aqui onde vivo (centro como tu) estão uns 4 de minima e uns 12 de máxima.

Eu tenho ar condicionado e vários aquecedores. Não gosto de lareira porque nunca sei se estou a ter queimaduras. Como sabes não sentimos corpo e há um perigo muito grande de queimaduras pelo calor da lareira.

Na cama tenho: lençóis térmicos (são uns lençóis muito grossos e quentes), edredon de aquecimento e edredon normal.
Também há umas colchas eléctricas que se ligam na electricidade e fornecem calor.Não gosto e também nunca usei.

É Angelo, o jeito é protegermo-nos. Na cadeira é enchermo-nos de roupa quentinha e agasalhos. Ah, também uso uma manta de pernas. Em casa. rsr

Aí governo não vos dá cadeira de rodas eléctrica e o que precisam?

Aqui há essa possibilidade.

Fica bem

Angelo Márcio disse...

Veja o contraste: enquanto você faz uso de cobertores, edredons, aquecedores e algo mais, por aqui estou de bermudas, ventilador ligado, janelas e portas abertas e banho frio.
Quantas armas contra o frio você tem. São inúmeras! Quase perdí a conta.
No inverno chega a fazer 10º, 12º e os agasalhos entram em cena. O frio que sinto parece multiplicar e chega a ser engraçado o tanto de roupa que uso. Parece que estou no Polo Sul, apesar de nunca ter ido lá.
O governo aqui, Eduardo, no máximo, ajuda com cadeiras de metal e bem pesadas, ajuda com remédios, mas o restante, mesmo direitos adquiridos, temos literalmente que correr atrás.. Para ter uma de alumínio tive que contar com a ajuda de familiares e amigos.
Amo intensamente meu país, Brasil, e tenho esperança e luto para que sempre melhore.
Bem que poderia melhorar rápido!

Felicidades e fortaleza sempre!

Nós Tetraplégicos disse...

Olha, ando há uns 22 dias para sair de casa e sem sucesso. Frio e chuva tem sido demais.
É altura de tudo isto, só que noutros invernos de vez em quando havia umas abertas.

Todo ano eu faço um check-up geral. Começo sempre em Janeiro. Este ano ainda não comecei. Mas segunda-feira com mau tempo ou não tenho que começar. Tenho que marcar consultas de: oftalmologista, estomatologista, urologia, fisiatria, dermatologista, neurologista, ortopedista...exames: densitometria ossea, ecografia rins, rx braço direito e joelho...fora análises completissimas.

É que com este tempo evito sair. Dá para ir de estacionamento em estacionamento cobertos, mas cadeira é uma Mistral Plus 3, dificil manuseamento...encosto tem que se tirar sempre. Eu viajo no banco da frente, prefiro.

Aqui também dificultam produtos de apoio. Mas em geral dão sempre o que cada um precisa. Inclusive todo o acidentado sai do centro de reabilitação após alta com cadeira adequada, almofada antiescaras e outras coisas.

Ás vezes temos que pagar. Mas uma percentagem minima e dependendo do rendimento de cada um.

Como deve ser dificil estares sempre á espera da boa vontade dos outros para mudares de lugar...

Angelo, amanhã mando-te um e-mail. Ve se não vai parar no spam.

Angelo Márcio disse...

É... sair no frio não é nada agradável e essas são palavras de alguém que vive nos trópicos.
Acho salutar sua constância e preocupações com os check-ups anuais.
Confesso que sou um bocado desleixado quanto aos meus e para aumentar o número de nomes de exames, eis um dos meus: uretrocistografia. Que nomezinho estranho!
Realmente não é a mais das agradáveis sensações sempre esperar por alguém, mas...

Felicidades e fortaleza sempre!

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