Certamente influenciado pelos desabafos do Eduardo e seus amigos no blog Tetraplégicos, no post Desabafos…, e somando a fatos do cotidiano que em nada agradam, vi-me diante de limitações impostas e que feriram.
Tenho absoluta convicção de meus limites e, portanto, também dos consequentes esquecimentos, porém, às vezes, esqueço que sou deficiente e conduzo minha vida normalmente, pois cada um tem sua normalidade de vida conforme suas escolhas e o que lhe é imposto também.
Se fôssemos todos iguais seria uma vida normatizada, com regras iguais e, meus caros, na vida, a desigualdade vigora com poderosa força.
Um exemplo simples, concreto, real e desigual é saber que pessoas próximas ou não vão realizar alguma coisa, ato, sei lá... e você – neste caso eu – sabe que não pode participar exatamente pela limitação física.
A sensação de impotência é cruel.
Até se conseguisse ir, normalmente fico só por vários momentos, pois ninguém tem a obrigação de me ladear o tempo todo e isso se torna mais cruel do que não ir, já que estou no local e não posso conviver, de pertinho, aquele momento. Também posso estar errado. Será?
Agora a impotência regida pelos fatos faz parceria com a consciência de saber que, naquele momento, sinto-me incapaz; com vontade de gritar e sei que um dia porei para fora em alta voz. Por exemplo, para sair de casa mobilizo, no mínimo, 5 pessoas. Sei que todos ajudam por que querem. Mas pergunto: _E se não quiserem? Ou melhor, e quando não quiserem?
Sei que não me afundarei em depressão, mas... Por que não chorar?
Tenho uma personalidade de intensa luta e a pior derrota, das que tive, foi obtida tendo minha pessoa e suas limitações como adversárias e, como já afirmei que – ainda bem – somos todos diferentes; sei que minha forma de expressão pode parecer não tão direta, no entanto e felizmente, é para ser assim.
Há muito tempo atrás era fácil ter um grupo de pessoas ao meu redor com elogios, sorrisos e uma companhia agradável. Pouco a pouco fui percebendo que aquele não era eu, verdadeiramente falando. Não estava a enganar ninguém com a atitude de tentar agradá-los. “Doce” erro… Neste erro o grande enganado era eu! Sim! Outro erro! Enganar a si mesmo.
Erro corrigido a tempo.
Creio que depois que comecei a agir e falar como eu queria e não por convenções, muitos se dispersaram como poeira ao vento, deixando para trás, ou melhor, comigo, aqueles que confiavam, conheciam e se compadeciam com minha dor.
Assim me senti liberto e feliz.
Até a próxima!
Angelo Márcio.
8 comentários:
Parabéns Marcio. Abri seu blog, através do Dudu Prospero. Trabalho junto com ele. Voce é um vencedor. Seu blog está maravilhoso.
Abraços
Nilza - www.apmps.org.br
Oi Márcio!
É isso aí! Personalidade, inteligência e lucidez! Parabéns!
Bj
Angelo, esta tua frase diz tudo: "cada um tem sua normalidade de vida conforme suas escolhas e o que lhe é imposto também".
E, infelizmente, mais vezes que o desejado, nós dependentes, temos que tentar ser felizes com a normalidade dos outros. Sobrevivência...
Fica bem.
Oi, Val!
Primeiramente seja sempre bem-vinda.
Fico feliz que tenha gostado e que bom que você trabalha com a alegria do Dudu.
Volte sempre.
Abraços.
Valeu, Andrea!
A cada dia aprendo mais e mais e nada melhor que sermos nós mesmos.
bjs
É, Eduardo, nós vamos sobrevivendo à tudo e todos e sobreviver pesa.
Ás vezes dividimos os fardos e em outras surpreendemos aqueles que de nós duvidam.
Que a batalha continue.
Abraço.
Nem sei o que dizer, Angelo... Com certeza não deve ser fácil. Só você sabe das suas lutas, dificuldades, conquistas, vitórias...
Mas através de suas histórias relatadas aqui, sei que é valente, batalhador, persistente e tem personalidade. Sei também, que procurará se superar cada vez mais.
Abraços e uma boa semana, meu amigo!
Vera, obrigado por palavras de grande incentivo.
A cada dia há superações e decepções, entretanto, o fato de poder lutar e sorrir é surpreendente.
Tudo o que aqui escrevo de fato ocorreu e me expõe... Que bom que é assim.
Abração!
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