terça-feira, 13 de abril de 2010

Muito mais que amigos

quadra-de-volei Há dias venho relutando quanto ao fato de escrever sobre meu pai. São histórias que relatei diversas vezes em palestras, no entanto, encontro um bloqueio aqui. Uma parede erguida por mim.

Sendo assim escreverei, como já fora comentado, com um coração tranquilo e suas decisões. E o que me vem agora à mente são meus amigos.

Claramente lembro que após a saída do hospital, após 18 meses de internação e consequente institucionalização, eu tinha receio de sair até a rua, mas não adiantava muito esta insensata teimosia. Meus amigos vinham até minha casa, pediam a minha mãe que me arrumasse e sem perguntarem minha opinião levavam-me para uma das coisas que mais gosto: jogo de vôlei.

A rede estava armada no meio da rua mesmo, de um lado presa a um poste e de outro a um muro; as guias ou meios-fios serviam de linha lateral e as linhas de fundo, meio e 3 metros foram cuidadosamente pintadas em cor laranja, com espessura de cinco centímetros.

Fui posto, então, na lateral, abaixo da rede para ser o juiz. Eles, meus amigos, queriam que eu usasse o conhecimento adquirido no período de atleta para apitar o jogo, mas foi além, muito mais além que poderia imaginar. Eu apitava, sorria e, muitas vezes, dava dicas de jogo.

É evidente que agora me lembro de meu período de atleta – levantador – e creio que a prática esportiva ajudou, e muito, em minha recuperação até onde foi possível.

Eles me perguntavam qual a melhor forma de atacar ou levantar; se era bola curta, longa, chutada, meia bola, linha dos três, dois tempos e outros palavreados dignos deste esporte.

Mal sabiam eles, eu acho, que estavam me recolocando dentro de um estado de felicidade sem igual, pois mesmo sem poder jogar eu estava dentro do jogo e me sentia atleta novamente.

Meio contundido, mas atleta. (risadas)

Se biblicamente, ou não, pode-se afirmar que “quem tem um amigo tem um tesouro”, dou maior amplitude à afirmação dizendo que, simplesmente, sou um milionário.

Alguém vive sem amigos? Ou sobrevive?

Estes amigos que amavelmente chamo de “loucos” são até hoje parte extremamente importante de minha nova vida.

Até a próxima!

Angelo Márcio.

6 comentários:

Dudu disse...

Mais uma vez, ótimo texto Ângelo!

E claro q não poderia deixar de adicionar o seu link no meu blog também!

Te desejo muito sucesso e muitas alegrias!

Abração!

Dudu

Andréa Schütte disse...

È Angelo, amizade tbm foi, e é, muito importante para alegrar minha vida.
Um abraço!

Vera (Deficiente Ciente) disse...

Você se sentiu bem, porque estava incluído no jogo, Angelo. Veja a grande importância da inclusão.
Em todos as fases das nossas vidas, é impossível esquecer os amigos que por ali passaram. Eles foram pessoas-chaves para cada momento.
Realmente quem tem amigo tem um tesouro e, também, muita diversão.
Ótimo texto!

Abraços!

Angelo Márcio disse...

Valeu, Dudu!

Com alegria nos mantemos por aqui e continuamos.

Abração!

Angelo Márcio disse...

Andrea, eu tenho 36 anos e, dentre entes amigos "loucos", tem alguns que estão comigo há 30 anos. Acredita?
Bom demais!

Abração!

Angelo Márcio disse...

Realmene este é o ponto, Vera. Inclusão!
Teve momentos enquanto escrevia e até na breve revisão que faço - já que deixo conforme surge na mente - onde pensei em fazer uso da palavra inclusão, mas achei melhor não. Cada um lê de um jeito, não é mesmo?
Eles, meus amigos, foram e são os grandes atores do meu processo de inclusão social.
E a diversão era constante. Festas, jogos, shows, etc etc e muita bagunça

Abração!

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