quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O tempo que não temos

Nos últimos dias a frase “Não tenho tempo” e outras semelhantes têm se tornado uma constante. É como se de uma hora para a outra a vida se pautasse por medidas temporais, as amizades precisassem ser agendadas e os amores tratados com prazos limitados.

Imagino agora um amigo que precisa muito conversar marcando para sete dias depois o papo e questiono: É uma amizade? Aprendi que amigos verdadeiros não fazem este tipo de coisa. Para estes para-se tudo e que o mundo, tempo ou questões pessoais sejam deixadas de lado. Mas não! A cultura do total do desapego tem tempo de agir e pessoas solitárias de outras e de si mesmas agonizam em sua solidão, arrogância, medos e ansiedades.

Ficar só tornou-se “cult”. Que coisa medonha e mortal.

A cada dia que passa, e os dias são medidas temporais, observo amores contratuais e a amizade não deixa de ser um amor.

Digo amores contratuais porque tudo tem que ter data e horário para acontecer. Imagino agora o sofrimento do pobre romântico, desesperado por não saber se é certo ou não romper com o contrato ou, em nome do amor, arriscar surpreender sua amado em um momento diferente do habitual. É desumano!

É isto! Hábito.

O amor e a amizade estão deixando de serem naturais, simples e prazerosos para serem conduzidos a um algo habitual e rotineiro  que se não funcionar, muda-se ou descarta-se.

E quando esta realidade chegar a um ponto sem volta, haverá tempo para mudar esta cultura?

Enquanto tenho tempo para escrever, quero fazer um pedido: Sacrifiquem o tempo e não aqueles que amam vocês!

Até a próxima!
Angelo Márcio

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Um dia de sonhos

Desde ontem venho celebrando um aniversário que iniciou no dia em que nasci. E nasci várias vezes. Assim como também me reinventei em incontáveis momentos sem perder a essência de quem sou.
Estranhamente, esta noite sonhei que estava andando e era em um contexto já passado. Digo estranhamente porque tem meses que não sonho estar andando ou talvez, como afirmam os especialistas, apenas não lembre sempre, pois sonhamos todas as noites.
Percebo agora que o texto está me conduzindo como barco à vela em ventos calmos para mares diferentes, mares não navegados, próximos ou inalcançáveis fisicamente. Os mares dos sonhos. Sonhos realizados ou guardados no íntimo como quem esconde falhas para aparentar ser melhor.
Às vezes julgo, em minha lucidez incoerente­­­­­­ que sonhar é fugir da realidade, mas hoje não. Hoje sentencio que sonhar é iluminar a realidade com os holofotes das verdades contidas pelo receio de parecer infantil.
Quanta idiotice ter medo de ser infantil sendo a infância a melhor fase da vida.
Em um outro às vezes, acho que sonho mais acordado que adormecido. E é estranho porque pareço estar fugindo para um universo onde tudo acontece dentro de uma linha sem falhas, não tortuosa, enquanto do outro lado, o lado do real e palpável, a dor é mais aguda e o sangue mais vermelho, assim como o gozo é mais intenso.
Sonho sempre que estou andando por achar que tudo é mais fácil para os caminhantes e dentro desse todo vêm saudades do simples e claro que o complexo não ficaria de fora.
Tenho saudade de sentir a textura da areia sob os pés, saudade de sentir nas mãos o calor que emana... Chega! Mesmo sendo feliz, tentar elencar as saudades faz-me chorar em dia de festa um choro de perda e não de vitória.
Confesso confuso entre o real e o sonho estar assustado neste dia em que completo 40 anos. Assustado pela responsabilidade de ter vivido tanto, assustado por ter esquecido tanto e assustado por não saber o que o futuro me reserva.
Assim agarro com minhas mãos de dedos atrofiados, com um sorriso infantil, a esperança de que muito de bom há de vir e de ruim...
Ah! Quer saber? Que venham novos dias, aventuras, pessoas, sol, chuva, VIDA e uma pitada de qualquer coisa porque quero é viver, sonhar e realizar.

Até a próxima,


Angelo Márcio.
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