Há uma música bem antiga que diz assim em um de seus versos:
“Eu queria ter na vida, simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher. Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela só pra ver o sol nascer.”
Peço desculpas por não creditar o autor ou cantor, mas este trecho, em específico, reflete um de meus desejos. Posso não ter plantado nem colhido, no entanto, o que estava ao meu alcance agarrei sem pudor. Agarrei dias de vida simples; agarrei a estadia na casa de minha tia e sua varanda, bem como terei novos quadros do nascer do sol na memória.
Na vida simples passei horas deitado em uma rede sempre com o pensamento longe. Não fiz isso para fugir da realidade, fiz muito mais para perceber que somos donos de nossas realidades e as surpresas do caminho, de alguma forma, positiva ou negativa – cabe a nós definirmos – vai a cada rompante ou de súbito moldando nosso viver e a arte final, a obra prima, somente pode ser assinada por mim, ou melhor, por cada um de nós.
É muito fácil creditar a outros as nossas culpas e, infelizmente, muitos ainda alimentam também a descrença em si e não assumem a autoria de suas belas obras. Digo isso por conviver com pessoas que agem assim.
Dando continuidade ao pós-rede, fora os dias de cama, teve algo que perdi: Um jantar na casa de um primo na cidade de Montes Claros para, além de me deliciar com ótima comida goiana, ter a oportunidade de passar e fotografar o Rio Claro, pois foi ao passar sobre a ponte dele e não poder fotografá-lo que surgiu o blog Uma Crônica Deficiente. Fica para uma outra vez.
Com minhas primas que tanto prezo e me ajudam, vimos um filme e, ainda à noite, após minha mãe chegar de Montes Claros, voltamos para Jussara com uma diferença: Voltamos pelo asfalto. Bem diferente da estrada de chão da ida e, ao mesmo tempo, sem histórias para contar, ou melhor, tem uma sim.
Assim que chegamos a Jussara, deixamos uma tia em sua casa e nos dirigimos para a frente da casa de nosso amigo que cedera o sinal de internet sem fio. Certamente ele já dormia e lá estávamos nós: meu primo, minha mãe e eu.
Era mais de meia-noite. Ao ligar o notebook meu primo apertou a buzina e pensei que algum vizinho viria ver quem ou o que era, se fosse o amigo tudo bem, mas se fosse outra pessoa teríamos que dar explicações e enquanto o arquivo era transferido também passou um carro de polícia e um grupo de cinco jovens que não sei o que faziam àquela hora da noite na rua.
Senti-me como um adolescente fazendo algo de errado. A diferença é que estava dentro do carro aquela que deveria me dar uma bronca e agora sorrio com esta história.
Aqui quero deixar bem claro que o dono do sinal de internet PERMITIU que eu usasse. De outro modo seria CRIME.
Até a próxima!
Angelo Márcio.