quarta-feira, 31 de março de 2010

Vocês precisam saber

Cronica deficiente by Renata Caríssimos leitores e amigos do Uma Crônica Deficiente,

Nos últimos dias estive impossibilitado de atualizar o blog com novos textos. Neste período os estudos e trabalhos com jovens me mostraram o quão carente de tempo estou.

Aqui posso externar que no início deste ano lancei como desafio me dedicar mais à família, em particular minha mãe, e também aos meus amigos, pois o corre-corre dos dias estava tomando mais tempo do que o necessário, que o devido. Estava, literalmente, roubando-me vida. E me vi envolto em diversas atividades que formavam barreiras e mantinha os que amo a distâncias incoerentes com minha decisão.

Sendo assim, resolvi dar pleno cumprimento aos novos desafios e, para começar, viajarei com minha mãezinha e digo a vocês:

- Nem de longe pensem que abandonarei o blog e enfatizo que a alegria, críticas e brincadeiras dos textos continuarão.

A todos os leitores e amigos um grande abraço.

Atenciosamente, ou melhor, até a próxima!

Angelo Márcio.

terça-feira, 16 de março de 2010

Volta às aulas

baskara_cron_def Não! Não irei adentrar nas incríveis conclusões e desenrolar das ciências biológicas e sim em acontecimentos – desafios – que me colocaram diante de preconceitos de uma ínfima parcela de professores.

Quando voltei a estudar, após vencer algumas barreiras particulares erguidas, dois momentos específicos demonstraram a falta de preparo e, porque não, também a ignorância de alguns mestres diante do inusitado: Um tetraplégico que não consegue escrever e que volta a estudar.

Para chegar até a escola eu era conduzido por um de meus irmãos pelas ruas mal conservadas, com seus quebra-molas fora de padrões e sempre uma distância que para ser percorrida levava cerca de 30 a 40 minutos de caminhada. Mas havia um objetivo e em certos trechos do caminho éramos obrigados a andar em chão puro. Era poeira ou lama, sem meio termo.

Na primeira avaliação – Matemática – senti-me constrangido por não ter uma forma de teste em que eu mesmo, com minhas dificuldades e adaptações necessárias, tivesse condições de responder às questões. Propus a professora que meu irmão escrevesse por mim, mas seu medo de que meu irmão me ajudasse além de escrever levou-a a não permitir e me vi com uma figura repressora a usar a caneta em meu lugar.

Digo repressora e acrescento preconceituosa porque em momento algum, durante as aulas, ela teve a preocupação de observar que eu tinha facilidade com a matéria e, principalmente, saber que em minha formação o ato de colar, trapacear não faz parte de minha personalidade, mas para saber disso seria necessário um contato mais particular. O que certamente ali não haveria.

Que tal esta equação? Falta de diálogo resulta em ignorância e leva ao preconceito.

AVISO:

Para aqueles que não gostam muito de matemática, o parágrafo abaixo será meio estranho. Será?

Eu tinha um papel diante de mim com equações do segundo grau e a fórmula de Baskara que até hoje conheço e, sem poder fazer rascunhos, pedia para que a professora escrevesse o que eu pedia. Eu queria resolver a equação sem desmembrar a fórmula e ela queria me obrigar a não fazer assim, pois havia ensinado os outros alunos com a fórmula dividida em duas. Tinha momentos em que ela começava a escrever de um outro jeito para me induzir e eu era obrigado a insistir que não estava errado.

Parecia que o tempo todo ela estava a me testar, a duvidar de minha capacidade intelectual e isso era extremamente irritante e para o azar dela a nota do teste foi bem alta.

Outro dia, em plena aula de biologia, sobre células e outras belezas, sempre com o auxílio de meus irmãos, após uma prova, o professor insinuou que minha nota havia sido alta porque meu irmão, supostamente, teria me ajudado. Eis as palavras do professor:

_ A maior nota da turma... Com duas cabeças para pensar fica fácil, não é?!

Meus amigos leitores foi necessário acalmar meu irmão, pois ele olhou para o professor de uma forma que se ele – professor – falasse algo mais uma agressão poderia ocorrer.

Pode parecer brutal ou aparentar que meus irmãos são inconsequentes, mas, naquele dia e situação, eles não conseguiam mais aceitar tantas dúvidas quanto ao meu intelecto; já estavam cansados de verem que a cada ano e matéria era necessário provar para outros o que eles, meus irmãos, já tinham consciência.

Mas teve o troco.

O professor passou um trabalho sobre efeito estufa e, com a ajuda de meus irmãos, fizemos cartazes para que a apresentação fosse mais interativa.

Sala cheia, quadro negro (que na verdade é verde), professor sentado ao centro, como dono do saber e começa minha apresentação.

Falei com propriedade sobre o assunto que havia estudado e os exemplos nos cartazes ajudaram a ilustrar para melhor assimilação do que estava sendo explicado. No fim, propositalmente, abri espaço para perguntas e, evidentemente, o professor levantou questões que eu respondia e ainda fundamentava com o uso dos cartazes olhando diretamente nos olhos dele que, por vezes, somente tinha o chão como ponto de fuga.

A turma inteira gostou do trabalho e aquele professor deve ter se lembrado de suas palavras infelizes ao me ver sozinho apresentar toda uma aula.

Até quando precisaremos provar se sabemos ou não, se podemos ou não fazer algo?

Quantos “se”!

Por favor, podemos dialogar?

Peço para que não pensem que estou generalizando, pois escolhi aqui descrever duas situações específicas vividas.

Em meus anos escolares, antes e depois do acidente, a oportunidade de aprender com ótimos mestres me faz hoje continuar estudando e também me faz agradecer a eles. Heróis mal remunerados e sem o reconhecimento devido que, com seus ensinamentos, passam a fazer parte de nossas vidas.

Também não tenho a pretensão de passar uma imagem de perfeito, até porque minha deficiência física é nada mais do que mais uma entre muitas deficiências que tenho.

Por que é mais fácil descrever defeitos do que enaltecer nossas qualidades?

Fica a questão.

Até a próxima!

Angelo Márcio.

sexta-feira, 5 de março de 2010

“Não vou me adaptar”

muralha_de_pedra Liberdade!

Com este brado é fatídico que haja sim esta aclamda  liberdade e, por mais estranho que pareça, a repressão tem poder para vir ao nosso encalço de formas diversas concebíveis ou não.

E é com este início de dualidade que remeto minhas palavras aos anos 80.

Que maravilha de década! Não há razões suficientes, nem tão pouco argumentos como “o que já passou, passou” ou “quem vive de passado é museu” que me impeça de reviver estes dias... “Dias de Luta”.

Pode até parecer que o que virá a seguir seja chamado de mais um “refrão de bolero”, mas naquela década o “tédio” era nada mais do que um passa tento e sim, posso dizer que “há tempos” que ansiamos seu retorno com este brado: _ “Volta pra mim”!

Fique claro que eu não era nenhum “rebelde sem causa” em uma “terra de gigantes” e “ainda é cedo” para afirmar que voltar ao passado é voltar a sofrer, mas a cada amanhecer, a cada “alvorada voraz” posso e digo a mim e outros que a batalha continua, que somos “soldados” e não um “exército de um homem só”.

Agora um breve e dicícil relato..

Aos quinze anos, no ano de 1988, a beleza dos dias passavam despercebidas na mente de um jovem. Passavam também as paixões, angústias, dúvidas e certezas incertas inerentes a quem tem pouca idade.

Este jovem era atleta, louco por voleibol, sempre disposto a treinar e jogar; era apegado à família e, é claro, sempre tinha alguém por quem se apaixonar e, meus amigos, este era e sou eu.

Era porque muito mudou e aqui enfatizo a liberdade total. Uma irresponsabilidade saudável que, hoje, levou-me usar neste texto, entre aspas, títulos de muitas músicas que ouvi e ainda ouço, pois a qualidade musical atual em muito perde para a musicalidade rebelde e cheia de questões da década de 80.

_ Ô saudade de um show da Legião Urbana!

Enfim, sou eu porque a batalha pela vida e suas graças continuam e, para celebração incansável, continuei e continuo me apaixonando e por assim ser ainda surgiu algo ruim.

A parte ruim foi me apaixonar por bela moça de olhos falantes e cabelos convidativos para afagos, pois abrasei meu medo de dizer a ela tudo o que brotava no peito como perfume raro que só pode ser apreciado em manhãs perfeitas. Ainda assim uma interlocutora se fez necessário e, após trazer ao conhecimento da bela moça o que eu em nada conseguia expressar, a resposta foi:

_ Se ele não fosse deficiente...

Aí sim houve revolta e descrença...

Que todos possam me perdoar por texto tão confuso e melancólico, mas saibam e gravem, por favor, que... NÃO DESISTI DE ME APAIXONAR!

Até a próxima!

Angelo Márcio.

CLIQUE nos nomes abaixo e ouçam as músicas no Youtube:

Não vou me adaptar (Titãs)
Dias de luta (Ira!)
Refrão de bolero (Engenheiros do Hawaii)
Tédio (Biquini Cavadão)
Há tempos (Legião Urbana)
Volta pra mim (Roupa Nova)
Terra de gigantes (Engenheiros do Hawaii)
Ainda é cedo (Legião Urbana)
Alvorada voraz (RPM)
Soldados (Legião Urbana)
Exército de um homem só (Engenheiros do Hawaii)
Rebelde sem causa (Ultraje a Rigor)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...